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8 de outubro de 2018

Está concluído o terceiro e último ensaio realizado com borregos com o objetivo de para avaliar o impacto da dieta dos animais no controle da bioidrogenação ruminal e da composição dos ácidos gordos da carne. Foram avaliados os efeitos do tipo de forragem utilizada (luzerna vs azevém) e do nível de inclusão de bicarbonato de sódio no alimento concentrado (0.5 vs 2.0%).


Neste ensaio as dietas foram formuladas atendendo aos resultados dos ensaios anteriores, ou seja, com 40% de forragem e reduzido teor amido, pela substituição de 35% dos cereais por fontes energéticas com baixo teor em amido (polpas desidratadas de citrinos e de beterraba e cascas de soja). Independentemente dos fatores nutricionais estudados neste ensaio, a utilização deste tipo de dietas permitiu: manter o pH ruminal em valores compatíveis com o normal funcionamento do rúmen, (entre 6.10 e 7.53 após o abate dos animais); e controlar o shift t10.

Gráfico 1O tipo da forragem influenciou a performance produtiva. Os melhores resultados obtiveram-se com luzerna: taxa média de crescimento mais elevada; e maior ingestão (Gráfico 1). Os efeitos sobre a composição das carcaças e a qualidade da carne foram irrelevantes. Sobre a composição dos ácidos gordos da gordura, o tipo da forragem também não parece ter grande influência, notando-se apenas uma maior proporção de ácidos gordos polinsaturados (C18:2 n-6 e C18:3 n-3) quando se utilizou a luzerna.

 

O Bicarbonato de Sódio (BS) exerce um efeito tampão no rúmen, e o aumento da sua proporção teve como objetivo manter controlada a descida do pH principalmente após a ingestão das dietas. Não se observaram efeitos ao nível da performance produtiva dos animais nem na composição das carcaças. 

Os efeitos sobre os principais isómeros da bioidrogenação foram pouco expressivos. O tipo de forragem não influenciou o t10-C18:1, t11-C18:1 mas o c9,t11-C18:2 foi mais elevado com a luzerna. O aumento do nível de inclusão de BS não afetou a proporção de t10-C18:1 mas aumentou as proporções dos t11-C18:1 e c9,t11-C18:2 (Gráfico 2). A relação t10/t11-C18:1 apresentou valores médios inferiores a 1 em todos os grupos, o que indica que não ocorreu o shift-t10 (Gráfico 3). No mesmo gráfico apresentam-se os registos individuais obtidos, que confirmam que muito poucos animais apresentaram valores da relação t10/t11-C18:1 superiores a 1 e os casos observados foram pouco expressivos.

Efeito do nível de Bicarbonato de Sódio na dieta nas proporções dos t10-C18:1 e t11-C18:1 na gordura de borregos

Gráfico 2

Efeito do tipo de forragem e do nível de Bicarbonato de Sódio na dieta na relação t10/t11-C18:1 na gordura de borregos

Gráfico 3

Os resultados deste ensaio sugerem que as condições impostas à formulação das dietas (40% de forragem e redução do teor em amido) foram suficientes para garantir o normal funcionamento do rúmen e manter baixo o risco de ocorrência do shift-t10. A utilização da luzerna como forragem, permitiu obter melhores resultados produtivos que o azevém. O aumento da proporção de BS na dieta de 0.5 para 2% permitiu melhorar o perfil de ácidos gordos, com o aumento dos principais isómeros bioativos com efeitos benéficos na saúde (t11-C18:1 e c9,t11-C18:2).