Uma tarefa importante desse esforço é identificar, caracterizar e proteger as variedades locais. O uso de feijão-frade na agricultura tradicional durante várias gerações de agricultores, produziu várias variedades empiricamente selecionadas (landraces) e que por isso estão muito bem-adaptadas ao solo e clima das regiões onde são cultivadas.

 

Estas landraces guardam em si uma larga diversidade morfológica e genética, com potencial para enriquecer os programas de melhoramento de plantas. Contudo, correm o risco de desaparecer devido à eliminação gradual da atividade agrícola tradicional.

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Portanto, o nosso primeiro objetivo é fazer uma avaliação agronómica das variedades locais de feijão-frade; seguida de uma análise da diversidade genética visando compreender as relações do germoplasma português com as de outras partes do mundo e com o feijão-frade silvestre Africano (o provável progenitor do feijão-frade domesticado), utilizando a tecnologia dos marcadores de DNA.

Os consumidores estão cada vez mais conscientes da importante relação entre dieta e saúde, com um número crescente de pessoas que procuram uma dieta saudável, variada, equilibrada e sustentável. Evidências sugerem que o feijão-frade se destaca de entre as outras leguminosas por ser especialmente rico em polifenóis e flavonóis, tendo, por conseguinte, qualidades antioxidantes. As evidencias sugerem que estes compostos bioativos têm propriedades preventivas de diversas doenças e propriedades anti-inflamatórias. Além disso, os polifenóis do feijão-frade apresentam um dos efeitos antibacterianos mais promissores, tanto pela atividade anti-biofilme quanto pela inibição de toxinas bacterianas. 

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Seguindo este conhecimento, pretendemos analisar o valor nutricional do grão, nomeadamente em relação à composição fenólica, identificando compostos com potencial anti-inflamatório, propriedades antibacterianas e anti-biofilme.


A tolerância à seca e ao calor permite o crescimento do feijão-frade em locais não apropriados para a maioria das outras leguminosas de grão. Essa resiliência torna-o numa cultura interessante num contexto de mudanças climáticas. Tanto quanto sabemos, apenas duas cultivares portuguesas foram avaliadas em contexto de stress hídrico. Por outro lado, sabe-se que os teores de proteínas e lipídios das sementes dependem não só do fundo genético, mas são também afetados pelos fatores ambientais, particularmente da seca e do stress térmico, durante o preenchimento dos grãos.

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Vamos, portanto, avaliar o efeito das pressões de seca e de calor na produção de grão e na sua composição fenólica.

 

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