O Projeto FIGHT 2 põe em prática a Medida Nº1 do Plano De Ação para o Controlo da Doença Hemorrágica Viral dos Coelhos, criado pelo Despacho 4757/17 de 31 maio (MAFDR). A medida Nº1, intitulada “Desenvolvimento de uma vacina oral, inócua e ajustável à evolução do vírus”, enquadra-se no Eixo de Investigação do referido Plano, que inclui ainda um Eixo de Boas Práticas de Gestão, um Eixo de Controlo Sanitário e um Eixo de Divulgação e Disseminação de Conhecimento.
O que o vírus da Doença Hemorrágica Viral? O RHDV2 é um Calicivirus que emergiu em 2010 em França e dois anos depois no nosso país. Tal como em outros países europeus, o vírus de tipo 2 substituiu completamente as estirpes que circulavam anteriormente (estirpes clássicas ou de tipo 1).
Que doença provoca? O RHDV2 é responsável por uma febre hemorrágica altamente contagiosa e letal (DHV), cujo impacto nas populações de coelho-bravo é extremamente preocupante, por afetar não só adultos como também os juvenis. A mortalidade juvenil reduz o recrutamento de novos indivíduos para as populações selvagens, comprometendo drasticamente a sua dinâmica.
Como se combate? Não é possível erradicar a DHV, dada a grande resistência do vírus no meio ambiente e a facilidade com que é disseminado por insetos, roedores, aves de rapina, ações antropogénicas, etc. O controlo da doença é extremamente difícil e assenta na vacinação, no cumprimento de boas práticas de gestão e da adoção de medidas de biossegurança. As atuais vacinas contra RHDV2 são inativadas, obtidas de extratos de fígado de animais infetados. A via de administração, geralmente subcutânea, requer o maneio individual dos animais limitando, por isso, o seu uso à indústria, à produção de coelho-doméstico para consumo familiar e aos animais de companhia.
Qual a importância da DHV? Embora os fatores que vêm conduzindo ao declínio do coelho-bravo incluam a perda de habitat, fruto do abandono das práticas agrícolas tradicionais e sua intensificação (monoculturas), a excessiva pressão de predação, o desajuste da pressão cinegética, e outros, as patologias de origem viral, nomeadamente a DHV e a Mixomatose têm tido um impacto drástico na redução das populações selvagens. Da emergência de um novo vírus de tipo 2 resultou o aumento substancial da mortalidade associada a esta doença, dada a inexistência de proteção cruzada com os vírus que circularam anteriormente (tipo 1).
Qual a importância do coelho-bravo? A subespécie Oryctolagus cuniculus algirus, é a pedra basilar dos ecossistemas Mediterrânicos. Para além de ser presa de cerca de 40 espécies de predadores terrestres e aéreos, o coelho-bravo altera profundamente o espaço que ocupa e é por isso considerado o Engenheiro dos Ecossistemas. O sua ação inclui a disseminação seletiva de sementes, fruto da sua herbivoria, a fertilização e alteração físico-química dos solos, pelas latrinas e urina que produz, a manutenção de áreas abertas e a escavação de galerias no solo que proporcionam habitat para muitas outras espécies de vertebrados.
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