Vespa velutina
Espécie de origem asiática com várias subespécies, sendo que a introduzida na Europa é a Vespa velutina nigrithorax.
O principal impacto conhecido da espécie é a predação das abelhas no exterior das colmeias, sendo as abelhas capturadas em voo, geralmente à chegada à colmeia. Nos casos em que um enxame está enfraquecido, as vespas podem entrar na colmeia e alimentar-se da criação e do mel.
Quando perturbada, a vespa asiática poderá representar um risco para a população, devido à sua picada, tal como acontece com as de outras vespas e abelhas. No entanto, dada a visibilidade dos ninhos de Vespa velutina e a maior probabilidade de contato, a espécie pode constituir um risco acrescido nos locais de ocorrência mais frequente.
O inseto
Também conhecida como vespa das patas amarelas, os insetos apresentam grandes dimensões, entre 2.5cm e 3.5cm (variável com alimento, lugar e temperatura e também entre castas: rainhas, obreiras, machos). A cabeça é preta com a face laranja/amarelada. O corpo é preto aveludado ou castanho-escuro. O abdómen apresenta uma fina faixa amarela e apenas um segmento amarelo-alaranjado. As asas são escuras e as patas castanhas com as extremidades amarelas.
Pode ser confundida com a Vespa crabro (vespa europeia), sendo que esta apresenta uma coloração mais acastanhada tanto no tórax como nas patas. A cabeça é amarelada e as suas dimensões podem superar as da Vespa velutina.
A espécie é diurna e tem um ciclo anual. De Fevereiro a Maio surgem as novas colónias (1 fundadora dá origem a 1 colónia) e entre Junho e Novembro regista-se a maior pressão das vespas sobre as abelhas, actividade que se associa ao crescimento dos ninhos/vespeiros. Durante o Inverno as fundadoras hibernam fora do ninho, em árvores, rochas ou mesmo no solo. Enquanto as fundadoras podem ter uma longevidade de 1 ano, as obreiras vivem entre 30 e 55 dias.
Os ninhos são constituídos por fibras de madeira mastigadas, apresentando uma forma arredondada ou de pêra, com uma abertura lateral. As dimensões destes ninhos podem atingir até 1m de altura e 50-80cm de diâmetro. Geralmente surgem em árvores com altura superior a 5m. Cada ninho pode albergar cerca de 2000 vespas e 150 fundadoras. Os ninhos desocupados no final de um ciclo biológico não são reocupados no ano seguinte.
Distribuição geográfica
A sua área de distribuição natural estende-se pelas regiões tropicais e subtropicais do Norte da Índia ao leste da China, Indochina e arquipélago da Indonésia, ocorrendo normalmente nas zonas montanhosas e mais frescas.
Chegou acidentalmente à Europa, em 2004, através do porto de Bordéus – França, numa remessa de artigos de barro para jardins e tem vindo a colonizar o território francês e os países vizinhos: Espanha, Portugal e Itália. As primeiras capturas em Portugal ocorreram em 2012, no Concelho de Viana do Castelo.
A subespécie Vespa velutina nigrithorax, presente na Europa, encontra-se naturalmente no Norte da Índia (Darjeeling, Sikkim), Butão, China e nas montanhas de Sumatra e Sulawesi (Indonésia).
Como agir
Na presença ou suspeita de presença da vespa ou do seu ninho, deverá ser preenchido um formulário online (anexo IV) disponível no portal www.sosvespa.pt, acessível no portal da Direção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária I.P. (INIAV), do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, das Direções Regionais de Agricultura e Pescas, do SEPNA/Guarda Nacional Republicana e das Câmaras Municipais respetivas. As juntas de freguesia próximas do local do avistamento poderão também ser contatadas para apoio ao preenchimento do formulário. Em alternativa poderá ser feita a comunicação via aplicação para smartphone (APP SOS-Vespa) ou por contato telefónico para a linha SOS AMBIENTE (808 200 520).
As comunicações de avistamentos devem sempre que possível ser acompanhadas de fotografias das vespas e/ou dos ninhos para a correta identificação.
Após validação da ocorrência, será contatada a Proteção Civil, que acionará os meios necessários com vista à destruição dos ninhos.
Caso seja necessário identificar exemplares (vespas), deverá enviar-se a amostra para o INIAV, que fará a devida confirmação. Esta será reportada para o portal, que centraliza a informação recebida.
Uma medida preventiva e de proteção das colmeias será a redução do tamanho da entrada nas colmeias.
Como combater
Os métodos utilizados para controlar a vespa asiática em Portugal são a destruição de ninhos/vespeiros e a colocação de armadilhas para captura de vespas junto aos apiários, atividade que se iniciou após os primeiros avistamentos, por volta de 2012. Em 2015 iniciou-se a colocação de armadilhas numa altura específica do ano, na primavera, com o objetivo de capturar as rainhas fundadoras antes da formação das colónias.
As armadilhas utilizadas podem ser modelos comerciais (Véto-pharma, Clac) ou artesanais (modelos e iscos distintos fabricados pelos apicultores). A destruição de ninhos/vespeiros é da responsabilidade da câmara municipal ou de outra entidade por si autorizada, devendo ser acompanhada pelo proprietário/arredandatário do prédio. Deverá ser efetuada por entidades habilitadas ou agentes previamente habilitados (empresas de desinfestações, técnicos apícolas, sapadores florestais, etc.).
A destruição dos ninhos deve ser realizada durante a fase de menor actividade das vespas, ao entardecer ou amanhecer, ou ainda à noite (preferencial). O modo de destruição está dependente da localização e dimensão dos ninhos e da actividade dos insetos. Um dos métodos é o recurso a inseticidas (permetrina, cipermetrina, deltametrina ou SO2) aplicados na abertura do ninho, por injeção direta, contudo a superfície do ninho também deve ser pulverizada. Esta aplicação deve ser feita com recurso a um pulverizador com varas extensíveis adaptadas. Outro dos métodos é a incineração, diretamente no local de fixação do ninho ou após separação do ninho desse local e colocação num saco plástico. Os ninhos primários (ou de pequena dimensão) podem ser destruídos por congelamento, a -15°C, por um período superior a 48h.