As alterações climáticas fazem prever que no sul de Portugal a diminuição da precipitação média anual e também o aumento dos períodos de seca em duração e frequência. Nestas condições os períodos em que será possível o pastoreio direto serão menores, o que faz aumentar as necessidades de suplementação dos animais, muitas vezes com produtos vindos de fora da exploração. As características edafoclimáticas da região Mediterrânica agravadas pelos fenómenos extremos causados pelas alterações climáticas e os custos de fatores de produção, dificultam cada vez mais a produção de forragens de qualidade em quantidade suficiente para garantir a competitividade da fileira de produção de bovinos de carne e assim a sustentabilidade dos sistemas extensivos. Junta-se a este cenário, a atual necessidade de contrariar o défice nacional em matérias-primas para a alimentação animal, de reduzir a pegada de carbono das dietas para ruminantes e de valorizar os sistemas extensivos na função importante que podem ter na retenção de carbono no solo e na gestão do território.

O uso de itinerários culturais assentes em técnicas de agricultura de conservação, permite prescindir da necessidade de mobilização do solo, que tem custos inerentes e permite conservar a matéria orgânica (MO) existente no solo. Atualmente tanto a agricultura de precisão (AP) como a digitalização da informação constituem importantes instrumentos ao dispor do agricultor para apoio à decisão, permitindo a gestão personalizada e por isso diferenciada face às reais necessidades da cultura. Esta realidade começou a ser testada no projeto exploratório MechSmart Forages http://mechsmartforages.ipportalegre.pt/ e no projeto ISOmap Forragem ALT20-03-0246-FEDER-000062 https://isomapforragem.ipportalegre.pt/ em que foram estudadas as correlações entre a produção de biomassa, os índices de deteção remota e a condutividade elétrica do solo, com o objetivo de definir zonas homogéneas das parcelas, que permitam a aplicação de fatores de produção a taxa variável de produção. Importa ainda assim a validação de modelos adequados à realidade nacional e continuar a avaliar novas metodologias sensoriais que se devidamente compreendidos pelos seus utilizadores finais possam ser replicados e disseminado o seu conhecimento.

Os objetivos desta ação 3.3 do projeto GEEBovMit são as seguintes:

1. Maximizar a produção de diferentes forragens utilizando técnicas de conservação do solo (sementeira direta) e com menor utilização de adubos azotados, através da aplicação diferenciada de fertilizantes azotados (utilização tecnologias de sensores para deteção remota e próxima - GreenSeaker®). Para tal, avaliar-se-ão as curvas de produção de biomassa e de valor alimentar das diferentes forragens, com e sem uma primeira utilização durante o inverno;
2. - Realizar conta de cultura anual
3. - Implementar um roteiro de transferência de conhecimento e desenvolvimento de um Manual de Boas Práticas na instalação e maneio de forragens
   

Responsável pela ação3.3 no INIAV 
Teresa Carita